Incerteza • Estagnação • Bloqueio
Estas são algumas das palavras que descrevem o cenário que se tem instaurado no Canal do Panamá ao longo dos últimos meses. As condições de seca ocasionaram níveis de água doce muito reduzidos nesta região, que para além de limitarem e abalarem as rotas comerciais globais têm provocado uma extensão nos prazos de entrega das mercadorias e um aumento de custos e das taxas adicionais.
Mas, para compreender os atuais tempos de trânsito e as razões que levaram à alteração das habituais linhas de navegação, leia a publicação de hoje.
Canal do Panamá
O Canal do Panamá é uma das artérias-chave para o Comércio Global, estima-se que cerca de 14% do comércio dentro e fora dos Estados Unidos navegue pelo canal. Devido a períodos de seca induzido pelas crises climáticas, atualmente o canal enfrenta níveis de água alarmantes, o que tem resultando numa limitação de fluxo diário de 36 navios para 22 navios. Estas restrições têm aumentado a procura por serviços de Transporte Ferroviário e Rodoviário.
Para além da América Latina e da Costa Leste dos Estados Unidos, existem mais regiões dependentes do canal do Panamá, confira abaixo:
• Guatemala: 32%
• Equador: 28%
• Chile: 24%
• Panamá: 23%
• Peru: 23%
• EUA: 14%
• México: 9%
• Colômbia: 9%
• Japão: 5%
• Coreia do Sul: 4%
• Canadá: 3%
• China: 2%
• Espanha: 2%
• Holanda: 1%
Exemplos dos Desvios Expectáveis
Como resultado das restrições inerentes ao fluxo diário de navios, as típicas rotas regulares de navegação que atravessavam o Canal do Panamá poderão vir a ser alteradas. Quer saber quais são ?
1. Um navio que viaje da Ásia para os EUA, e que atualmente atravesse o Canal do Panamá, poderá ter que rumar em direção a Oeste e atravessar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul Africano.
- Rota Habitual: 26 dias de trânsito
- Rota Com Desvios: 39 dias de trânsito
Um navio que normalmente viaja da costa oeste da América do Sul para as Caraíbas e que normalmente atravessa o Canal do Panamá, poderá ter que atravessar o Estreito de Magalhães, no extremo sul da América do Sul.
- Rota Habitual: 6 dias de trânsito
- Rota Com Desvios: 31 dias de trânsito
Estima-se que ocorram cerca de 4000 travessias a menos do Canal do Panamá como resultado das restrições.
Custos Variam Consoante a Mercadoria
Se anteriormente apenas alguns navios que transportavam cargas mais valiosas – ex. transportadores de gás natural – é que optavam por pagar um fee para terem prioridade na travessia e beneficiarem de viagens mais rápidas, enquanto outros tipos de navios com custos operacionais diários mais baixos e cargas menos valiosas – transportes a granel (grão e carvão) e carga geral (turbinas eólicas, locomotivas, etc…) – atravessavam o canal sem pagar pela reserva prioritária, hoje em dia também estes últimos terão que pagar um fee para garantir a travessia do canal.
% de variação a partir de 2022:
• Granel Seco: +14%
• Carga Geral: +14%
• Transportadores de Veículos/RoRo: +12%
• GPL (Gás de Petróleo Liquefeito): +5%
• Petroleiros Químicos: +5%
• Refrigerado: +3%
• Petroleiros de Crude: +3%
• GNL (Gás Natural Liquefeito): +3%
• Contentores: + < 1
Impacto destas Restrições:
- Navios desviados das rotas do Panamá são obrigados a viajarem mais rápido para compensar os desvios mais longos, pelo que acabam por queimar mais combustível – o que provoca um aumento do custo total do transporte.
- Aumento das taxas médias de fretes de contentores (ex. as rotas que ligam a Ásia à Costa Oeste dos Estados Unidos aumentaram cerca de 162% – ainda assim esta Costa oferece uma rota alternativa usando a ferrovia para chegar a destinos no centro e no leste dos Estados Unidos).
- Redução do tráfego diário de navios que atravessam o Canal do Panamá, de 35/40, antes do período de seca, para 24 navios atualmente.
- Limitações e imposições relativamente à capacidade de transporte de carga do navio e da profundidade máxima das embarcações – redução de 50 pés para 44 pés.
- Apesar de levar algum tempo a refletir-se na fatura do consumidor final: aumento transversal dos preços, mais concretamente na fatura da energia e dos alimentos.
Como Preparar o Futuro?
- Avaliar as potenciais implicações para os Transportes e para o Comércio, especialmente para os países em desenvolvimento.
- Acompanhar os horários de envio e tempos de trânsito.
- Monitorizar as medidas de segurança dos navios e portos.
- Acompanhar a evolução dos preços das taxas de frete e dos seguros, as linhas de navegação do transporte e do comércio internacional global.
E, o mais importante…
Contar com um operador logístico de confiança, que o mantenha a par dos principais desenvolvimentos e ocorrências que possam impactar o setor.
Na Olicargo, os desafios atuais são um teste à nossa capacidade de resiliência e compromisso com os clientes. Por si, pelas suas mercadorias e pelo seu negócio, continuaremos a assegurar um serviço eficiente e a entrega da sua carga no prazo estipulado.
Fontes:
GEP. (2024). Panama Canal Drought: The Impact On Global Shipping Worsens. Consultado a 20 de março de 2024, em: https://www.gep.com/blog/mind/panama-canal-drought-impact-on-global-shipping
McKinsey & Company. (2024). How could Panama Canal restrictions affect supply chains?. Consultado a 05 de março de 2024, em: https://www.mckinsey.com/industries/travel-logistics-and-infrastructure/our-insights/how-could-panama-canal-restrictions-affect-supply-chains
Prevention Web. (2024). Navigating troubled waters: Impact to global trade of disruption of shipping routes in the Red Sea, Black Sea and Panama Canal – UNCTAD rapid assessment. Consultado a 05 de março de 2024, em: https://www.preventionweb.net/news/navigating-troubled-waters-impact-global-trade-disruption-shipping-routes-red-sea-black-sea
Searates. (2024). The Impact of Panama Canal Situation on Global Supply Chains. Consultado a 20 de março de 2024, em: https://www.searates.com/blog/post/the-impact-of-panama-canal-situation-on-global-supply-chains
UNCTAD. (2024). NAVIGATING TROUBLED WATERS Navigating Troubled Waters: Impact To Global Trade of Disruption of Shipping Routes In The Red Sea, Black Sea and Panama Canal. Consultado a 04 de março de 2024, em: https://unctad.org/publication/navigating-troubled-waters-impact-global-trade-disruption-shipping-routes-red-sea-black
UNCTAD. (2024). Red Sea, Black Sea and Panama Canal: UNCTAD raises alarm on global trade disruptions. Consultado a 05 de março de 2024, em: https://unctad.org/news/red-sea-black-sea-and-panama-canal-unctad-raises-alarm-global-trade-disruptions